sábado, 24 de setembro de 2011

O EVANGELHO A LUZ DA PSICOLOGIA PROFUNDA

A vida e a obra de JESUS constituem o maior acervo psicológico para o entendimento da humanidade pregressa e contemporânea.
Suas atitudes diante do homem do mundo, reconhecendo a “verdade de cada um” descortinavam as múltiplas implicações do comportamento humano, desde o reflexo no corpo material até as nuanças da alma enferma ali aprisionada.
A Psicologia Profunda envolve os princípios de percepção do ser humano nos aspectos:
- Personalidade atual: aquisição de comportamentos sedimentados no “aqui e agora”.
- Sub-personalidades: registros subconscientes de existências passadas. Canal dos conúbios obsessivos espirituais.
- Individualidade: registros inconscientes do conjunto de aprendizagem do ser desde os primórdios até o contato com o reino hominal, na condição de espírito imortal.
As palavras de Jesus carregadas de ascensão espiritual e de um profundo conhecimento planetário são fagulhas de luz aclarando as trevas da ignorância na alma humana ainda recorrente nos enganos da vivência das soberanas leis de Deus.
Assim disse Jesus:
“Não penseis que eu tenha vindo destruir a lei ou os profetas.” (Mateus, cap. V, v.17)
 Tendo vindo ensinar a humanidade o alfabeto divino, na letra “a” Jesus escreveu para nós a palavra AMOR enquanto uma lei natural, e por tanto divina.
O povo ainda mergulhado na lei do revide (olho por olho, dente por dente), nos textos impregnados da subjugação de um Deus tirano, que validava os instintos, alienados da luz interior e dominados pela sombra individual e coletiva. Chega Jesus e aproveita elementos do Decálogo, recebido por Moisés (no fenômeno mediúnico da escrita direta) para ativar um novo paradigma psíquico no homem, tendo em vista que este código auxiliou o homem a reaprender um caminho de conduta individual e coletiva.
O exercício inicial da terapêutica de Jesus foi então associar a inteligência ainda rudimentar do povo a sua condição de ser emocional, pois ele sabe que o caminho da cura da sombra humana é o contato lúcido com sua capacidade de sentir a si mesmo.
“O meu reino não é deste mundo.” (João, cap. XVIII, v.36)
À medida que a sombra coletiva começou a dissipar-se em razão do conhecimento adquirido pela humanidade no contexto histórico, a cisão entre céu e abismo, entre o espírito e a matéria começou a estreitar, em função do uso da lógica racional, para perceber o mundo. Daí, Jesus trazer a verdade do reino espiritual, e que estamos em estágio aqui, não somos da matéria, estamos provisoriamente nela para evoluir e alcançar outros reinos (conhecimento, evolução, sentimentos nobres).
“Há muitas moradas na casa de meu Pai.” (João, cap. XIV, v.2)
 Neste momento, Jesus, revela à grandeza da criação de Deus situando a humanidade em um dos compartimentos da grande obra universal. Existem muitos mundos habitados, que a Doutrina Espírita esclarece com muita propriedade, há os mundos inferiores (primitivos), os mundos de provas e expiações (como a Terra) e os mundos felizes, celestes. A cada categoria de mundo há a categoria de espíritos que ali podem co-habitar.
Jesus neste momento nos fala de modo profundo as consciências espirituais infantis da misericórdia do Pai, proporcionando com infinita justiça e bondade possibilidades de crescimento sem agressões maiores a alma, pois que vivendo onde nossa condição espiritual pode suportar, temos maiores oportunidades de ascender, burilando o campo mental na compreensão do bem e do mal, aliviando os instintos primários, recebendo nem mais, nem menos, mas a dose certa para galgarmos um degrau na escala da evolução espiritual.
“Ninguém pode ver o reino de Deus, se não nascer de novo.” (João, cap. III, v. 3)
Incontestavelmente Jesus afirma a Lei da Reencarnação, a volta do espírito imortal as paragens carnais para o processo contínuo de aperfeiçoamento, numa das maiores provas da misericórdia de Deus para com a sua criatura.
Na prática da psicologia profunda de Jesus esta mensagem ainda encerra o reflexo dos diversos renascimentos que o homem faz numa única existência, quando passa os estágios biológicos da infância, adolescência, madureza e velhice, e suas aquisições no campo mental, emocional e fisiológico, podendo ser estas oportunidades excelentes para um processo de mudança de atitude e comportamento diante dos valores da vida.
Reconhecer nos ciclos da vida a mensagem natural do pedido de reencontro com a verdade do espírito, uma vez que o ancião deveria trazer em si a sabedoria de uma vida inteira, reconhecendo que a grande riqueza da alma é a possibilidade de ajudar o semelhante por amor, por escolha, por vontade, e fazê-lo com alegria, e entrega à Vida.
“Os sãos não precisam de médico, mas sim os enfermos.” (Mateus, cap. IX, v. 12)
Totalmente livre da sombra individual (débitos passados, comprometimentos com as leis universais) Jesus pode trazer esse verbo. Sinalizando o quanto a humanidade está desencontrada de sua verdade, como há uma desconexão profunda das nossas origens espirituais, e perdidos no turbilhão das ilusões de toda ordem nos tornamos enfermos senão refletidos objetivamente no corpo, impressos de modo inequívoco nos refolhos da alma.
Se colocando como servo da humanidade, Jesus diz que veio para auxiliar os doentes,  como médium de Deus, nos convida à prática do amor aos inimigos; da prece por aqueles que nos perseguem; o bem para aqueles que nos caluniam; o perdão setenta vezes sete vezes de cada ofensa recebida; o pagar o mal com o bem sempre.
Só um Ser livre poderia prescrever tamanho receituário, somente um Ser que tem as portas do coração completamente abertas para o bem pode falar e vivenciar tamanho amor, acolhendo o sofrimento dos doentes e lhes lembrando: Tua fé te curou! Vá e não peques mais!
Só quem é completamente livre, não aprisiona, restabelece a saúde de outrem e o coloca a frente de sua vida para assumir a responsabilidade de sua alma, se este não “peca” mais está curado, se reincide “volta” para tomar nova medicação, só que dessa vez, menos ignorante das seqüelas que lhe acomete.
“Então, vai, diz Jesus, e faze o mesmo.” (Lucas, cap. X, v. 37)
Quem foi o próximo daquele que estava caído na margem da estrada!! Pergunta Jesus: Aquele que usou de misericórdia para com ele, responde o doutor da lei.
A psicologia profunda nos orienta nesta passagem a verificar o quanto o nosso ego está atuando em favor da nossa individualidade.
Olhar à volta e ajudar a outrem sem subterfúgios, sem interesses pessoais, sem ostentação: a verdadeira caridade seja ela moral ou material.
O convite ao exercício do amor, na sua forma mais genuína: o bem pelo bem!
“Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados que eu vos aliviarei.” (Mateus, cap. XI, v. 28)
O grande médico das almas aqui fala do cultivo do amor, sustentado pela oração, como canal de irrigação da energia que procede de Deus e vitaliza a criatura humana.
A lucidez do “porque” (lei de causa e efeito, tão decantada pela doutrina espírita) ajuda a reconhecer o momento atual, tornado mais leve o fardo a ser carregado, uma vez que foi o próprio homem que ali o colocou, esse pensamento ajuda a aliviar e até a transmudar a energia da sombra, que albergamos, auxiliando-nos a integrar o lado trevoso da nossa individualidade, pois que jorrando lucidez sobre as trevas interiores, elas se dissiparão e se potencializarão em luz.
Feliz aquele que opta por experimentar o bem-estar no momento em que respira e entende as causas da dor momentânea que passa, e ante os desafios mais vigorosos e as situações mais inclementes, não desiste dos ideais de beleza, não cede espaço ao mal, não negocia com a “sombra”, e seguindo o Caminho, que é Jesus, para chegar a Deus, afirma a si mesmo:
Estou aliviado, porque confio no Mestre Jesus, e sei que jamais estarei órfão da assistência divina através das suas múltiplas faces, sendo uma delas, os espíritos superiores que assistem as nossas almas com maravilhosa dedicação amorosa.


Iara da Silva Machado
Fonte: Jesus e o evangelho à luz da psicologia profunda. Divaldo Pereira Franco/Joanna de Ângelis (Espírito)

2 comentários:

  1. Amiga Iara,os livros da dita série psicológia da nossa irmã veneranda,Joanna de Ângelis,são sequenciais?Para uma pessoa que ainda não teve a oportunidade dar início às leituras da belíssima obra desta amiga espiritual,você indicaria algum livro em especial?

    Parabéns pelo Blog,é um espaço realmente terapêutico; e um jeitinho de tê-la um pouco mais perto.

    Um abraço Fraterno

    Paz e Bem

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  2. Caro Helder,
    Agradeço seu comentário e fico feliz em saber que este espaço está no caminho objetivado, ou seja, a finalidade terapêutica reflexiva e interativa.
    Quanto as obras da série "psicológica" da Joanna de Ângelis, sugiro que inicie pelo livro: Autodescobrimento (Divaldo Pereira Franco).
    Abraços de paz,
    Iara.

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