quarta-feira, 21 de setembro de 2011

APRENDENDO COM OS FILHOS


Iara da Silva Machado

A arte de ser mãe e pai é desenvolver os filhos para que se tornem independentes e cidadãos do mundo, diz Içami Tiba, médico psiquiatra, psicoterapeuta e psicodramatista.


A arte de educar é um tema bastante potencializado nas literaturas em função de não existir uma receita funcional e global para ensinar os filhos a tornarem-se seres voltados para o bem.


A individualidade tem muitas vezes, predomínio sobre a personalidade, que está associada ao caráter e temperamento da pessoa. Esse campo da individualidade para a psicologia analítica profunda junguiana engloba muitos elementos obscuros à personalidade manifesta, sendo a identificação, compreensão e integração desses elementos ao campo global do indivíduo gerador da saúde integral.


Logo, os filhos podem trazer à tona traços negados dos pais, que precisam ser atualizados e tratados para que a constelação familiar que se formou possa permanecer funcional.


Esse conceito solicita uma reavaliação de paradigma nos valores de gerações passadas onde a autoridade parental era pouco discutida e bastante impositiva. Temos crianças e jovens contemporâneos que questionam muito mais sobre o porque, como, para que das coisas. Daí manter o nível de formação considerado saudável para cada dinâmica familiar, percebendo o novo filho como elemento agregador e não desafiador, é uma tarefa complexa.


Assimilar que os filhos podem objetivamente mudar o nosso olhar no mundo, e mexer com velhos conceitos, valores e crenças, reorganizando alguns pontos, mantendo a constância de outros, mas sem rigidez, permitindo que o fluxo das relações familiares não seja estagnado é um trabalho diário de pensar e sentir e fazer com congruência.


Naturalmente, haverá momentos em que colocaremos as mãos na cabeça ou no coração e nos perguntaremos: O que fazer? Nessa hora as coisas guardadas da nossa própria falibilidade convidarão a insegurança, medo, angústia, tristeza, culpa dentre outras energias do psiquismo a se apresentarem. E será então à hora do nosso teste de crescimento: se permitir agregar novas formas de olhar sem perder referências importantes e basilares ou fechar as portas internas e impor algo, por medo de perder o controle da situação.


A reflexão maior é que ao agirmos na manutenção da rigidez não perceberemos que em verdade não possuímos o controle do fluxo da vida, o que podemos fazer é acompanhá-lo, nos colocando conscientemente como observadores e colaboradores na senda da orientação e disponibilidade de compartilhamento.
Assim, os filhos se tornarão possibilidades múltiplas de reinventarmos o amor que pulsa no melhor de cada um de nós. 

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