POR: IARA DA SILVA MACHADO
No ano de 1994 comecei um estágio
no Setor de Psicologia, no Centro Suvag da Paraíba, uma instituição sem fins
lucrativos, à época conveniada a Universidade Federal da Paraíba, Secretaria de
Educação do Estado e Secretaria de Educação do Município de João Pessoa.
O objetivo do SUVAG era a
reabilitação de crianças e jovens portadores de necessidades educativas
especiais, de modo mais específico os surdos.
Iniciei um trabalho dentro do
método SUVAG (Peter Guberina) no campo da Rítmica e Expressão Corporal.
Naquele primeiro ano o
atendimento terapêutico foi desenvolvido em grupos de 8 (oito) crianças ou
jovens e se delineou pela necessidade de contato visual e tátil.
Ao término do estágio solicitei
permanecer no Centro, na condição de voluntária e assim permaneci até o ano de
2011.
Ao longo desses 17 (dezessete)
anos o SUVAG foi assimilando novas práticas pedagógicas e clínicas e o
atendimento realizado na intenção de expressão corporal passou a ser
direcionado pela psicorporalidade (Análise Bioenergética) desempenhada por mim,
tomando o seguinte formato:
- Atendimento psicomotor lúdico associado à concentração e atenção (identidade nominativa).
- Estimulação Visual na intenção da consciência corporal do “ser surdo”: Identidade Corporal.
- Consciência corporal pela estimulação tátil e movimento expressivo através da dança espontânea, com a participação imprescindível da arte educadora Rosa Samara e a Instrutora da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) Márcia.
- Resgate da vinculação proximal através da linguagem corporal afetiva entre mãe e filho.
- Intercâmbio social: comunidade ouvinte & comunidade surda.
- Grupo de apoio psicorporal de pais e mães.
Acredito que as experiências com
os grupos de mães e pais em parceria com a psicóloga clínica Anete Carneiro
Vieira e as trocas estabelecidas com a psicóloga escolar Marta Farias de
Oliveira foram contributos singulares e eficientes para o objetivo primordial
do Atendimento Psicorporal que se desenhou na construção do grupo de mães e
filhos, pois este momento favorece a elaboração vivencial das fases de
questionamentos, negações, ajustamentos e aceitação do filho (a) surdo (a),
construindo ou resgatando o vínculo proximal afetivo positivo desta díade.
A minha gratidão é eterna ao
Centro SUVAG da Paraíba e a todos os surdos que me honraram com suas passagens
na minha jornada pessoal e profissional.
O princípio orientador do
Atendimento Psicorporal à Pessoa Surda que se mantém até os dias atuais é de
que o Surdo é um Ser que pensa, sente, age e realiza num corpo que atua com
limitações e potencialidades no contínuo processo do Viver.
Vibro para que políticas públicas mais
igualitárias surjam, a fim de favorecer as manifestações dos potenciais dos
diversos portadores de necessidades educativas especiais desse país chamado
Brasil!
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