quinta-feira, 29 de setembro de 2011

JOVENS INFRATORES & EDUCAÇÃO INTEGRAL

Iara da Silva Machado*
O processo de educação de um ser humano demanda muito trabalho e dedicação exaustiva. Muitas famílias perguntam-se onde começa a possibilidade de ter-se perdido o “fio condutor” no ato contínuo de educar um filho. Não existe uma resposta formatada que justifique ou determine precisamente a saída de um jovem de um pólo aceitável para uma conduta transgressora, mas vários estudiosos apontam para fatores que envolvem aspectos genéticos; distúrbios na constelação familiar; influência ambiental e social negativa e violenta; falta de religiosidade; dentre outros.
Em desdobramento, cada um desses fatores apresenta outros pontos que tecem a teia do sentimento de exclusão e, portanto de sensação de invisibilidade social daqueles que cometem infrações de várias ordens.
A educação integral focaliza o desenvolvimento do ser humano nos níveis biológico, ambiental, social, emocional, afetivo, cognitivo, psicológico e espiritual; em todas as fases do crescimento humano, isto é, infância, adolescência, maturidade e velhice.
De forma específica, a adolescência é a fase de avaliação de valores, crenças e atitudes adquiridas na infância, é o momento em que o jovem põe à prova suas concordâncias e discordâncias do que lhe foi passado no seio familiar. É o período da auto-afirmação da personalidade, reconhecida pelos especialistas do comportamento humano, como o período de prepotência juvenil (Griffa & Moreno, 2001).
Logo, se nas etapas antecedentes à adolescência houver memórias de maus tratos, dependências químicas na família, abandono emocional, violência doméstica com abusos físicos, verbais e psicológicos por parte dos pais ou responsáveis pela criança, excessos de coisas materiais como compensação pela ausência dos cuidadores – favorecendo a falta de limites na relação pais e filhos sinalizam fatores que podem impulsionar atos transgressores na vida juvenil.
Do ponto de vista psicológico, uma das facetas da verdade daquele que delinqüe é o desejo de uma punição, conseqüência ou limite, através de uma ação “antinatural”, mas que leva a mensagem de que ele precisa ser visto e contido, mesmo que seja pela visão do social negativo. O que favoreceu, talvez, o dito popular: “que falem mal de mim, mas falem algo.” É a busca do sentimento de pertencer de modo inadequado, distorcido e patológico.
Quando a mídia veicula filmes com as polaridades do tipo: vilão e herói; bem e mau; santa e bruxa, imediatamente nos identificamos com um dos lados e negamos ou abominamos o outro lado. O rejeitado em nós caracteriza uma sombra social, de modo que, toda sorte de criminalidade é a negação de um dos pólos dentro da consciência humana.
Assim, quando um jovem comete qualquer delito é uma parte machucada dele, seja no eixo familiar, afetivo, social, psico-orgânico... que está gritando por socorro, solicitando uma orientação assertiva e segura para possibilitar o resgate do brilho que foi mutilado no ser humano em algum lugar do seu passado.



*CRP13/2262. Especialista em Psicologia Clínica; Especialista em Psicologia da Infância e Adolescência; Psicoterapeuta Corporal para Pessoas Surdas; Psicoterapeuta em Análise Bioenergética; Psicóloga Transpessoal; Aconselhamento a Dependentes Químicos; Formação Internacional em DMP – Deep Memory Process (Por Roger Woolger).

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