Por: Iara da Silva Machado*
“A presente crise nasceu do culto do intelecto, e
foi o intelecto que dividiu a vida numa série de ações opostas e
contraditórias; foi o intelecto que negou o fator de unificação que é o amor.”
J. Krishnamurti citado por Crema, 1989
O
ciclo do paradigma mecanicista, racionalista e fragmentador parece estar
chegando a finitude, em detrimento de um novo olhar sobre o ser humano em
comunhão com diversos aspectos que o constitui. Assistimos o nascimento desse
novo paradigma, cujo um dos nomes de batismo
é o holismo, do grego holos, totalidade.
O
holismo é uma concepção sistêmica da vida e do mundo, baseada na consciência do
estado de inter-relação e interdependência essencial de todos os fenômenos
físicos, biológicos, psicológicos, sociais, culturais e espirituais.
Segundo
Weil (1982) o paradigma cartesiano levou a um conceito fragmentado do
conhecimento, com conseqüências desastrosas para a própria sobrevivência da humanidade.
Assim
a Holística traduz uma perspectiva na qual o todo e cada uma de suas sinergias estão estreitamente ligados, em
interações constantes e paradoxais. O paradigma holístico considera cada
elemento de um campo como um evento que reflete e contém todas as dimensões do
campo: metáfora do holograma. O
caráter paradoxal dessa terminologia é uma alusão aos diferentes paradoxos que
se defronta atualmente a física quântica, na qual os eventos se tornam ilógicos
do ponto de vista da lógica formal de não-contradição, habitual na macrofísica.
(Weil, 1990).
A
Psicologia Transpessoal surgiu nos Estados Unidos, nos anos 60, a partir de um
movimento que se tornou conhecido como a “quarta
força” em Psicologia, após o Behaviorismo, a Psicanálise e a Psicologia Humanista.
Seu objeto primordial de estudo é a consciência humana, que não pode ser
reduzida a limites nem ser captada em sua totalidade, sendo então um movimento
de percepção do Ser em permanente processo de expansão.
A
concepção holística ou sistêmica só é nova no âmbito do conhecimento oficial
ocidental, pois ela já é desenvolvida pelas grandes escolas da tradição
ocultista ocidental, tais como a alquimia, a cabala e a astrologia. Além de
estar no axioma de base de filosofias como o hinduísmo, o taoísmo chinês, o
budismo e o zen-budismo trazendo a visão do holos na idéia de que tudo é vivo, desde a menor partícula do átomo até Deus,
sendo a essência vital de todas as formas criadas exatamente a mesma. (Tabone,
2009).
O
desenvolvimento de uma investigação acadêmica, em relação à Psicologia
Transpessoal é justificada segundo Saldanha (2008) pelos seguintes pressupostos:
- É uma área recente na Psicologia, que surgiu como um desdobramento da escola humanista, tendo sido oficializada por Maslow na década de 60 do século XX com poucos trabalhos acadêmicos na área da educação.
- É uma teoria que apresenta algumas especificidades, a exemplo da integração do cognitivo, emocional, sensorial e intuitivo em sua aplicação na educação, como aprendizagem significativa.
- Tem uma proposta de ensino experiencial, a qual pode favorecer a emergência de aspectos de maior sabedoria e capacidade no indivíduo, os quais não estão disponíveis, usualmente, em sua consciência de vigília e na vida cotidiana, sendo importantes para o ensino da Psicologia Transpessoal e, provavelmente, para o ensino de outras disciplinas.
- Apresentar a vivência transpessoal ou a vivência de diferentes estados de consciência, como um aspecto importante para o enfoque educacional, uma vez que a percepção da realidade se dá de acordo com o nível ou estado de consciência do indivíduo.
A
Psicologia Transpessoal é um convite para perceber o indivíduo como um Ser em
contínuo processo de evolução e maturação de faculdades de toda ordem, seja
biológica, psicológica, sociológica e/ou espiritual.
A
Abordagem Integrativa Transpessoal traz em si um caminho real em uma abordagem
espiritual na Psicologia neste novo milênio, possibilitando novos conhecimentos
e perspectivas sobre a consciência e o seu pleno despertar na educação, na
saúde, na vida pessoal e profissional. Proporciona também de forma efetiva um
maior e melhor engrandecimento à humanidade, da qual todos somos parte, promove
o ser e o estar no mundo de forma mais plena ao se integrar com consciência à
dimensão transpessoal. (Saldanha, 2008).
Lançar
um olhar desprovido de reservas sobre
o novo não é tarefa fácil, contudo pode ser um caminho de renovação e ampliação
do que já se têm agregado como “verdades”, para cuidar de si e favorecer outros
elementos e ferramentas de auxílio àqueles que circundam a nossa esfera vivencial.
Todo
organismo que se fecha, tende a sucumbir em si mesmo.
Fontes
Bibliográficas Consultadas:
CREMA.
Roberto. Introdução À Visão Holística. Summus
Editorial. 1989.
TABONE.
Márcia. A Psicologia Transpessoal. Editora
Cultrix. 2009.
SALDANHA.
Vera. A Psicoterapia Transpessoal. Editora
Rosa dos Tempos. 1999.
SALDANHA,
Vera. Psicologia Transpessoal –
Abordagem Integrativa. Um Conhecimento Emergente em Psicologia da Consciência. Editora
UNIJUÍ. 2008
WEIL.
Pierre. Holística: Uma Nova Visão E
Abordagem do Real. Palas Athena Editora. 1990.
*Iara da
Silva Machado. CRP13/2262. Psicóloga Clínica Especialista; Psicóloga
Transpessoal; Psicoterapeuta em Análise Bioenergética; Terapeuta em DMP – Deep
Memory Process.
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