sábado, 25 de fevereiro de 2012

PSICOLOGIA TRANSPESSOAL: UM NOVO OLHAR SOBRE A INTEGRALIDADE DO SER


Por: Iara da Silva Machado*
“A presente crise nasceu do culto do intelecto, e foi o intelecto que dividiu a vida numa série de ações opostas e contraditórias; foi o intelecto que negou o fator de unificação que é o amor.”
J. Krishnamurti citado por Crema, 1989

O ciclo do paradigma mecanicista, racionalista e fragmentador parece estar chegando a finitude, em detrimento de um novo olhar sobre o ser humano em comunhão com diversos aspectos que o constitui. Assistimos o nascimento desse novo paradigma, cujo um dos nomes de batismo é o holismo, do grego holos, totalidade.

O holismo é uma concepção sistêmica da vida e do mundo, baseada na consciência do estado de inter-relação e interdependência essencial de todos os fenômenos físicos, biológicos, psicológicos, sociais, culturais e espirituais.
Segundo Weil (1982) o paradigma cartesiano levou a um conceito fragmentado do conhecimento, com conseqüências desastrosas para a própria sobrevivência da humanidade.

Assim a Holística traduz uma perspectiva na qual o todo e cada uma de suas sinergias estão estreitamente ligados, em interações constantes e paradoxais. O paradigma holístico considera cada elemento de um campo como um evento que reflete e contém todas as dimensões do campo: metáfora do holograma. O caráter paradoxal dessa terminologia é uma alusão aos diferentes paradoxos que se defronta atualmente a física quântica, na qual os eventos se tornam ilógicos do ponto de vista da lógica formal de não-contradição, habitual na macrofísica. (Weil, 1990).

A Psicologia Transpessoal surgiu nos Estados Unidos, nos anos 60, a partir de um movimento que se tornou conhecido como a “quarta força” em Psicologia, após o Behaviorismo, a Psicanálise e a Psicologia Humanista. Seu objeto primordial de estudo é a consciência humana, que não pode ser reduzida a limites nem ser captada em sua totalidade, sendo então um movimento de percepção do Ser em permanente processo de expansão.

A concepção holística ou sistêmica só é nova no âmbito do conhecimento oficial ocidental, pois ela já é desenvolvida pelas grandes escolas da tradição ocultista ocidental, tais como a alquimia, a cabala e a astrologia. Além de estar no axioma de base de filosofias como o hinduísmo, o taoísmo chinês, o budismo e o zen-budismo trazendo a visão do holos na idéia de que tudo é vivo, desde a menor partícula do átomo até Deus, sendo a essência vital de todas as formas criadas exatamente a mesma. (Tabone, 2009).

O desenvolvimento de uma investigação acadêmica, em relação à Psicologia Transpessoal é justificada segundo Saldanha (2008) pelos seguintes pressupostos:

  • É uma área recente na Psicologia, que surgiu como um desdobramento da escola humanista, tendo sido oficializada por Maslow na década de 60 do século XX com poucos trabalhos acadêmicos na área da educação.
  • É uma teoria que apresenta algumas especificidades, a exemplo da integração do cognitivo, emocional, sensorial e intuitivo em sua aplicação na educação, como aprendizagem significativa.
  • Tem uma proposta de ensino experiencial, a qual pode favorecer a emergência de aspectos de maior sabedoria e capacidade no indivíduo, os quais não estão disponíveis, usualmente, em sua consciência de vigília e na vida cotidiana, sendo importantes para o ensino da Psicologia Transpessoal e, provavelmente, para o ensino de outras disciplinas.
  • Apresentar a vivência transpessoal ou a vivência de diferentes estados de consciência, como um aspecto importante para o enfoque educacional, uma vez que a percepção da realidade se dá de acordo com o nível ou estado de consciência do indivíduo.

A Psicologia Transpessoal é um convite para perceber o indivíduo como um Ser em contínuo processo de evolução e maturação de faculdades de toda ordem, seja biológica, psicológica, sociológica e/ou espiritual.

A Abordagem Integrativa Transpessoal traz em si um caminho real em uma abordagem espiritual na Psicologia neste novo milênio, possibilitando novos conhecimentos e perspectivas sobre a consciência e o seu pleno despertar na educação, na saúde, na vida pessoal e profissional. Proporciona também de forma efetiva um maior e melhor engrandecimento à humanidade, da qual todos somos parte, promove o ser e o estar no mundo de forma mais plena ao se integrar com consciência à dimensão transpessoal. (Saldanha, 2008).

Lançar um olhar desprovido de reservas sobre o novo não é tarefa fácil, contudo pode ser um caminho de renovação e ampliação do que já se têm agregado como “verdades”, para cuidar de si e favorecer outros elementos e ferramentas de auxílio àqueles que circundam a nossa esfera vivencial.

Todo organismo que se fecha, tende a sucumbir em si mesmo.
Fontes Bibliográficas Consultadas:
CREMA. Roberto. Introdução À Visão Holística. Summus Editorial. 1989.
TABONE. Márcia. A Psicologia Transpessoal. Editora Cultrix. 2009.
SALDANHA. Vera. A Psicoterapia Transpessoal. Editora Rosa dos Tempos. 1999.
SALDANHA, Vera. Psicologia Transpessoal – Abordagem Integrativa. Um Conhecimento Emergente em Psicologia da Consciência. Editora UNIJUÍ. 2008
WEIL. Pierre. Holística: Uma Nova Visão E Abordagem do Real. Palas Athena Editora. 1990.

*Iara da Silva Machado. CRP13/2262. Psicóloga Clínica Especialista; Psicóloga Transpessoal; Psicoterapeuta em Análise Bioenergética; Terapeuta em DMP – Deep Memory Process.




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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012


CARNAVAL: EUFORIA OU ALEGRIA?

Iara da Silva Machado

Estamos próximos ao evento social que atrai milhares de pessoas para um contato com a música, a dança, os sorrisos, os encontros e também os excessos, os abusos, as dores...
É importante que tenhamos prazeres na vida, momentos de pausa para o descanso, o deleite, quando o trabalho, o estudo e as obrigações cotidianas exigem uma disciplina e responsabilidades altas...
Essas justificativas são plausíveis e acertadas até certo ponto de vista, no entanto é interessante atentar para o que chamamos de alegria.
A alegria é uma forte impressão de prazer causada pela posse de um bem real ou imaginário (Dicionário Virtual Aurélio, acessado em 08/02/12), e é nesse conceito que solicitamos atenção, pois o bem que a percepção da alegria traz pode ser REAL ou IMAGINÁRIO.
O poder imaginativo é reconhecido como uma função psicológica superior, ou seja, pode ser uma porta de entrada para a construção de algo saudável, positivo e duradouro, mas também pode ser distorcido para o campo do ILUSÓRIO onde a pessoa se nutre daquilo que é enganoso, mentiroso e irreal. 
Dimensionar o que é lazer no período carnavalesco onde é fácil exceder-se pelo “self-service” de erotismo promíscuo que travestido de muito “brilho e purpurina” parece natural e até belo, é uma tarefa gigante.
A euforia causa uma sensação de bem estar e satisfação temporários parecido com a alegria. Logo, discernir entre o estado eufórico e a alegria legítima é desafiador para uma cultura que prima pelo imediatismo das sensações.
O exercício maior quando estamos diante do que parece o máximo, sobretudo na real juventude ou nos adultos que regridem para uma ‘juventude tardia’ é RECONHECER OS PRÓPRIOS LIMITES E... RESPEITA-LOS.
É um treino imenso dizer NÃO para o que socialmente é validado para dizer SIM. Como o descartar uns aos outros, numa conduta de significar as pessoas como se fossem coisas ou objetos, simplesmente porque é ‘atual e natural?!!!’ ficar por ficar; beber por beber; fazer sexo com ‘estranhos’, onde só há os Corpos em luxúria e não as Almas em encontro, dentre outras aberrações do comportamento humano pós-moderno. Exercitar esse NÃO é escolher estar na contra mão de muitos, e a favor de Si Mesmo.
Viver no mundo sem ser do mundo foi uma das lições morais do grande educador de Almas, Jesus, e outros avatares contemporâneos validam a importância de cuidar do Corpo e do Espírito. A alegria é um elixir para seguir na vida com leveza, mas lembrar que a verdadeira felicidade não é deste mundo também, portanto cuidar-se para viver com a dignidade de acordar no dia seguinte à quarta feira de cinzas sem culpas ou remorsos de ter deixado de ser o Si Mesmo por uma atitude imprudente ou leviana, por um impulso de momento, por uma ação delinqüente que a consciência chamará à responsabilidade, pois que poderemos fugir de todas as leis externas, mas nunca conseguiremos extirpar a consciência de culpa que habita em cada um quando sabemos o mal que disseminamos no caminho equivocado que escolhemos percorrer. A plantação é livre, mas a colheita é obrigatória, para todos, sempre, já dizia o Mestre.
Sejamos aprendizes da LUZ e tenhamos momentos de ALEGRIA em quaisquer festas sociais, recordando que queremos seguir em PAZ nos dias seguintes...

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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

HONRANDO A VIDA ATRAVÉS DA ENERGIA DA GRATIDÃO

Iara da Silva Machado
 A vida é um convite diário ao exercício das polaridades. Estagiando num mundo predominantemente emocional, o ser humano é desafiado cotidianamente a sentir, entender e validar o que é o “bem” ou “mal” proceder e daí responder pelas escolhas.
A responsabilidade de dar conta de Si Mesmo, evitando atribuir aos outros o bem ou mal estar diante da vida é uma atitude hercúlea, então surge almas generosas que trazem convites maravilhosos para experimentarmos a ação do autorespeito, que gera em desdobramento a aceitação dos fenômenos diários ditos positivos ou negativos, esperados ou inesperados pela consciência ordinária, tal conduta, reverbera na energia da gratidão por TUDO e TODAS as ocorrências de uma existência.
A etiologia da palavra gratidão vem do latim e significa literalmente graça, ou gratus que se traduz como agradável. Por extensão, significa reconhecimento agradável por tudo quanto se recebe ou lhe é concedido. (Divaldo Franco/Joanna de Ângelis).
Não se trata de uma acomodação passiva, e sim de uma ação amorosa em favor do Si Mesmo, é uma visão ampliada do uso do poder pessoal, que prefere não dissipar energia emocional e mental nas ocorrências de toda ordem, preferindo observar os fatos e avaliar através de perguntas como: Qual a lição que a Vida me traz com esse momento? O que posso aprender com isso para dar mais qualidade ao meu viver?
Assim procedendo reaprende-se a enxergar a vida com o olhar de uma criança, isto é, o olhar do presente, do aqui agora; que em verdade é o que realmente temos: o agora, porque o depois, o momento seguinte...quem o sabe qual será?
Assim, ao contemplar uma rosa exalando perfume, conduzido suavemente pelos ventos, lembremos que essa postura das flores e rosas é uma forma de gratidão, que o reino vegetal utiliza, externando a transformação do húmus e da água em delicado aroma. O lírio nasce límpido, no charco dos pantanais, numa ação de profunda gratidão ao campo que o acolheu, desabrochando numa beleza singular.
Os avatares da humanidade já são assim, como rosas e flores que não contestam as dificuldades das sementes e após muitas mortes permitem que o hálito de Deus se manifeste através da sua forma exuberante.
Em gratidão...

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