Iara
da Silva Machado
Quando se fala de relações
afetivas é comum pensar-se nas trocas emocionais que experimentam as famílias, os
amigos, colegas e conhecidos, estabelecendo um grau de proximidade ou
afastamento dessas pessoas no cotidiano.
Daí, a classificação em relações
“íntimas” ou “sociais”, logo as relações afetivas são aquelas que envolvem
afeto, ou seja, emoções e sentimentos positivos ou negativos, em maior ou menor
intensidade.
É adequado afirmar-se que
construímos relações afetivas ao longo da vida em todos os contextos nos quais
transitamos, porém são nos lares que essas relações se expressam de modo mais
intenso, devido a proximidade diária e reconhecimento das fragilidades e
potencialidades manifestas por cada um.
Eckhart Tolle em seu livro
Praticando o poder do AGORA, afirma que “o verdadeiro amor não tem oposto”.
Quando reflete que não se pode afirmar que se ama uma pessoa num momento, e no
instante seguinte agredir essa mesma pessoa. Argumenta que quando esse
comportamento acontece, não é a manifestação do amor que está presente na
relação e sim uma compensação do ego, que provisoriamente encontra na outra
pessoa uma possibilidade de “preenchimento”, só que, como não é legítima, a
diluição disso pode gerar níveis altos de frustração e daí o ato inadequado.
Ora, o ser humano busca
satisfação, bem estar e sentido existencial. Como ainda não descobriu a
potencialidade em “si mesmo” acredita-se que os outros são responsáveis pela
felicidade almejada, portanto, também da felicidade que não chega.
Assim, o desafio que
aguarda a todos é a internalização de que cada um é responsável pelo seu
próprio bem estar e que as pessoas a nossa volta são companheiros (as) de
viagem, na busca de suas próprias verdades e realizações, e que poderemos até
sonhar juntos, sonhos possíveis e trabalharmos para alcança-los, mas não
podemos, nem devemos depositar no outro a obrigatoriedade de que esses sonhos
se concretizem, pois corre-se um grande risco desse projeto naufragar e a
pessoa alimentar a imensa ilusão de que a culpabilidade do insucesso é do
outro; terceirizando equivocadamente a responsabilidade que é antes de tudo do
si mesmo, pela escolha que fez de está ali, naquela situação, naquele
exercício, naquele compromisso, naquele lugar...
Relações afetivas não
deveriam ser prisões emocionais, e sim um grande laboratório de trocas humanas,
de expressões genuínas, de “falas do coração”, de verdades pessoais sem medo de
assumir “sentimentos negativos e emoções menos dignas”. As vivências afetivas poderiam
ser momentos de fé na vida e celebração da existência, com todas as lágrimas
que precisam ser drenadas e também com todos os sorrisos que precisam ser
vividos.
Uma verdade perene é a
transitoriedade da vida e a impermanência de tudo que é manifesto, a fluidez do
estado de coisas é algo indomável para o ser humano, como se a própria natureza
estivesse a dizer que realmente só temos o AGORA para usufruir, logo, poderemos
escolher vive-lo com o máximo de qualidade positiva e no fluxo da energia do
amor, que gera saúde integral para o ser, porque é a matriz do viver.
Assim, as relações
afetivas são as nossas oportunidades de deixar florescer em nosso próprio ser o
melhor de cada um que compartilhar conosco um quanto dos seus corações e de
doar para esses a boa parte da nossa essência, semeando o perdão, o amor, a fé
e a gratidão.
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