segunda-feira, 25 de outubro de 2021

SOMATOPSICODINÂMICA - QUARTO & QUINTO NÍVEIS - SUBDIAFRAGMA (PARTE INFERIOR DO TÓRAX) & DIAFRAGMA

 

A Somatopsicodinâmica continua com o quinto nível (o diafragma) e não com o quarto (o tórax), no escrito do Federico Navarro, na sua descrição da sistemática reichiana da patologia e da clínica médica.

 Ao abordar o pescoço, é assinalado pelo Navarro, que o tórax é dividido em duas partes pelo diafragma. A parte superior é muscularmente ligada ao pescoço. A parte inferior do tórax, que chamamos subdiafragmática, está relacionada aos actings que atuam diretamente sobre o diafragma, essa parte subdiafragmática, é o quarto nível, contemplada em textos anteriores já descritos neste espaço de orientação psicofísica (grifo pessoal).

A importância do diafragma, quinto nível, é tal que o chamamos de segundo coração. Esse músculo tem uma importância fundamental para a fisiologia, a absorção de oxigênio e a eliminação de CO2 pela respiração, determinando assim o metabolismo dos tecidos, indispensável à carga energética do organismo.

Sua função é comparável a um feedback, a atividade dos órgãos torácicos (e do cérebro) depende da função diafragmática que, por sua vez, é condicionada pela integridade cardiovascular e nervosa.

O acting utilizado pela vegetoterapia para desbloquear o diafragma trata, portanto, não somente dos problemas respiratórios, mas também, dos problemas cardíacos e daqueles ligados às vísceras. Além disso, estando os diferentes níveis do corpo ligados uns aos outros, o diafragma se acha sempre envolvido, pelo simples jogo de repercussões.

Do ponto de vista energético, é evidente que a saúde (e não a normalidade) depende de uma boa circulação de energia, equilibrada em todos os níveis. Em consequência, o trabalho sobre o diafragma é fundamental. 

A função diafragmática é essencial à vida, a tal ponto que os gregos da Antiguidade diziam que a alma estava no ventre!

Os movimentos diafragmáticos de inspiração-expiração deveriam ter um equilíbrio rítmico. Se o individuo está em boas condições de saúde, eles devem ocorrer num ritmo de quatro a seis minutos. Além disso, a pausa respiratória deve ter lugar após a expiração, e não após a inspiração.

A expiração, em si mesma, é um momento de expressão, de relaxamento, de repouso, a tal ponto que o diagnóstico reichiano sobre esse tema dá muita importância à capacidade de a pessoa expirar sem ter, previamente, inspirado de modo profundo.

A inspiração é um momento de atividade do organismo que precede, muito frequentemente, uma ação.

A expiração é a portadora de certas expressões humanas (os gritos, os soluços, o riso, a palavra) mas, como regra geral, é muito difícil, encontrar um individuo capaz de se exprimir na expiração. Toda respiração se resume, no final das contas, entre o automatismo e a vontade de respirar.

A respiração deveria gerar uma sensação de bem-estar próxima do erotismo, já que a ida do diafragma para baixo leva a energia até a pélvis.

Uma boa respiração induz à excitação, pois o impulso energético se dirige para baixo, enquanto que uma respiração deficiente, com impulso energético para o alto, vai produzir, por exemplo a agitação dos ansiosos.

A parte muscular do diafragma se divide em três zonas: vertebral, costal e esternal. Esse músculo apresenta orifícios que permitem a passagem da aorta, do esôfago e da veia cava inferior. Entre os pilares do diafragma, este quinto nível, passam as fibras simpáticas, os nervos esplâncnicos, a raiz das veias ázigos (onde circula a linfa) e a artéria mamária interna. Além do mecanismo respiratório normal, é preciso citar mecanismos acessórios originados da relação indireta do diafragma com os músculos espinais, escapulares e nucais.

A respiração de origem nucal reforça a inspiração pela ação dos escalenos, e isso explica, na ótica reichiana, a ligação entre o pescoço (terceiro nível=narcisismo) e o diafragma (quinto nível=ansiedade, masoquismo). Lembrando a ligação do quinto com o sexto nível (o abdômen) através do músculo transverso, particularmente importante para a expiração profunda. O abdômen e a bacia mantêm igualmente ligações estreitas sob a forma de uma relação agonista-antagonista com o períneo e com a função da expulsão intestinal e do parto.

Do ponto de vista psicopatológico, a neurose mais difundida é a angústia. Uma situação de ansiedade, em cronicidade, se chama neurose ansiosa, que com o envolvimento do sistema neurovegetativo pode se transformar numa neurose de angústia. Surgem então, sintomas somáticos extremamente penosos: sensação de constrição do coração, cardiespasmo (espasmo da cárdia, abertura entre o esôfago e o estômago), peso no estômago, tensão nas pernas, nas mãos, na bexiga.

Na neurose poderá surgir os sintomas da taquicardia, alterações bruscas de pressão arterial, crises de transpiração exagerada, vômitos, diarreias ou constipações, palidez ou rubores da pele, úlceras gástricas, cálculos de vesícula biliar, aumento de colesterol, quadros hemorrágicos no interior do pâncreas e outros distúrbios pancreáticos.

Assinalamos ainda que os bloqueios do diafragma podem ser mais ou menos delimitados assim:

  • À direita: perigo para o fígado.

  • À esquerda: perigo para o baço.

  • Atrás: perigo para os rins.

  • À frente: perigo para o estômago e o pâncreas.

Os tratamentos podem incluir além da Psicologia Corporal (Vegetoterapia), a Homeopatia, a Acupuntura, a Fitoterapia e a Dietética. A vida pode ser mais leve e saudável com a perspectiva da consciência corporal e a tomada de atitude terapêutica por parte do individuo, para somar com o prazer de viver, como dizia Wilhelm Reich: “Façam amor...mas respirem!”. (citado por Navarro).



Fonte: Texto adaptado do livro: A Somatopsicodinâmica. Federico Navarro. Summus Editorial, São Paulo, 1995.

Iara da Silva Machado